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Terminologia

Sugestões hipnóticas

São frases que o hipnotizador relata à pessoa hipnotizada para activar certas reacções na dita pessoa. A diferença entre sugestões hipnóticas e instruções, é que as sugestões transmitem a ideia de que a pessoa aceita as reacções hipnóticas que experimenta, e que tais reacções ocorrem por si mesmas como actos não volitivos e automáticos. Outras diferenças radicam no facto das sugestões hipnóticas se darem normalmente de forma breve e monótona.

  • Sugestões de prova aquelas que se dão de uma forma estandardizada dentro de una escala psicométrica de avaliação da sugestionabilidade hipnótica.
  • Sugestões hipnóticas, as que se recebem e se realizam dentro do contexto hipnótico.
  • Sugestões pos-hipnóticas aquelas que se recebem dentro do contexto hipnótico, mas que se realizam fora de tal contexto.
  • Sugestões directas, aquelas em que o terapeuta indica claramente à pessoa que experimente algo.
  • Sugestões indirectas aquelas em que não se indica claramente à pessoa que experimente una reacção determinada. Devem verbalizar-se de forma mais ambígua e pouco coerciva.
  • Sugestões despertas aquelas sugestões que se dão à pessoa sem ter recebido um método prévio de indução hipnótica.
  • Sugestões de desafio aquelas em que se pede à pessoa que resista à sugestão que o hipnotizador dá, de modo que quanto mais se trata de resistir, menos se consegue.

A palavra sugestão denomina também o processo básico pelo qual os autores de orientação cognitivo-comportamental assumem que funciona a hipnose. Por isso, não se deve confundir este termo com o de sugestão, como a instrução que o hipnotizador dá ou com a reacção que a pessoa experimenta, como consequência das sugestões que recebe do hipnotizador, que se denomina, assim mesmo, sugestão e pode ser de três tipos:

  • Motoras (ideomotoras): tratam de provocar um movimento ou a sua ausência: catalepsia (rígida), flexibilidade cérea, movimentos rítmicos (rotativos, ascendentes e descendentes, etc.).
  • Sensorio-fisiológicas (ideosensoriais): tratam de provocar mudanças em sensações e em variáveis biológicas: sensações propioceptivas (sensação de peso, flutuação…), perceptivo-sensoriais (calor, frio, tacto…), analgesia e anestesia, mudanças no ritmo cardíaco, salivação, vasoconstrição ou vasodilatação, etc.
  • Cognitivo-perceptivas (cognitivas): tratam de provocar uma mudança nos processos cognitivos, assim como na percepção visual e auditiva (ainda que não exclusivamente): alucinações (positivas: perceber o que não existe; negativas: não perceber o que existe), amnésia (espontânea ou sugerida; total ou parcial; de fonte (quem sugeriu a amnésia), hipermnésia (aumento da recordação), distorção do tempo: (aceleração), regressão de idade, projecção temporal, lógica de transe (observador oculto, alucinações em pessoas que não fingem as sugestões -“reais”- etc.), dissociação (fenómeno, não processo), sonho hipnótico, escrita automática, etc.

Hipnose neutra

É a aplicação de um método de indução hipnótica sem acompanhamento de outras sugestões.

Método de indução hipnótica

Um método de indução hipnótica é um ritual consentido explícito ou implicitamente, entre o hipnotizador e a pessoa hipnotizada, e que segundo se convencionou, detém a propriedade de favorecer a activação das reacções hipnóticas na pessoa hipnotizada. Será um ritual de indução hipnótica todo aquele que a pessoa hipnotizada aceite como tal.

Hetero-hipnose

Aquela hipnose que aplica um agente externo sobre a pessoa hipnotizada: tanto o ritual de indução como as sugestões são aplicadas por uma pessoa ou elemento (um computador, uma fita de áudio, etc.) distinta da pessoa hipnotizada.

Auto-hipnose

Aquela hipnose em que quem aplica o ritual e as sugestões hipnóticas é, também, quem as recebe.

Susceptibilidade hipnótica, hipnotizabilidade, sensibilidade hipnótica, sugestionabilidade hipnótica

Não são termos sinónimos, ainda que seja habitual que se usem como se fossem. Indicam o número e a dificuldade das sugestões que dizem respeito a cada pessoa, assim como o tempo em realizá-las. Um individuo será virtuoso (se é altamente hipnotizável), médio (podem-se realizar bastantes sugestões, mas não as mais difíceis) ou baixo (se é dificilmente hipnotizável).

Profundidade da hipnose

Trata de indicar metaforicamente ao cliente qual é o nível de dificuldade das sugestões que está a conseguir realizar.

Homoacção e heteroacção

  • Homoacção é sinónimo de sobreaprendizagem: quanto mais se praticar uma sugestão, menos tempo demorará a realizar-se (e melhor será a execução).
  • Heteroacção é sinónimo de transferência: quanto mais se praticar uma sugestão fácil, menos se tardará e melhor será a execução de uma sugestão difícil.

Metáfora

Especialmente no campo da hipnose ericksoniana usam-se contos para ajudar a compreender significados complexos ou para favorecer o auto-conhecimento e a auto-aceitação. Nesta corrente, assume-se que com as metáforas se acede mais facilmente ao inconsciente da pessoa, ultrapassando assim as resistências do cliente.

Imaginação ou fantasia dirigida a um objectivo

Uma variação das metáforas é a utilização de imagens para favorecer que a pessoa experimente as sugestões (esse é o objectivo). Assume-se, precisamente, que o uso da imaginação ajuda a experimentar certas reacções, geralmente voluntárias, como algo não volitivo ou automático. Ainda só uma percentagem muito pequena (cerca de 3%) de pessoas necessita de usar a imaginação para experimentar reacções hipnóticas.

Recordação sensorial

Denota o processo pelo qual uma pessoa pode reproduzir emoções, sensações, reacções biológicas, etc., ao entregar-se a uma sugestão, ou quando se lhe apresenta um estímulo ao qual tais reacções foram associadas no passado.

Este apartado ha sido traducido por el Grupo para o Estudo da Hipnose Experimental e Clínica.

[1] Capafons, A (2004). Definición y caracterización de la hipnosis. Curso de Especialista Universitario en Hipnosis Clínica. 1ª Promoción. UNED.

DEFINIÇÃO DE HIPNOSE

DEFINIÇÃO DE HIPNOSE DA AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (Divisão 30 -Society of Psychological Hypnosis-, 2004)

“Habitualmente, a hipnose comporta uma introdução ao procedimento durante a qual se diz a um sujeito que se apresentarão sugestões de experiências imaginativas. A indução hipnótica é uma sugestão, extensa e ampla para usar a própria imaginação, que se dá no começo (inicial), e que pode incluir  maiores detalhes (elaborações) da introdução.

Utiliza-se um procedimento hipnótico para fomentar e avaliar respostas às sugestões. Ao usar a hipnose, uma pessoa (o sujeito) é guiado por outra (o hipnotizador) para que responda às sugestões de mudanças na experiência subjectiva, alterações na percepção, sensação, emoção, pensamento ou conduta. As pessoas podem aprender também auto-hipnose, que é o acto de administrar procedimentos hipnóticos a si mesmo.

Se o sujeito responde às sugestões hipnóticas, geralmente infere-se que se induziu uma hipnose.

Muitos crêem que as respostas e experiências hipnóticas são características de um estado hipnótico. Ainda que alguns pensem que não faz falta usar a palavra “hipnose” como uma parte da indução hipnótica, outros vêm-na como essencial.

Os detalhes dos procedimentos e sugestões hipnóticas diferem segundo os objectivos de quem a pratique e dos propósitos da tarefa clínica ou de investigação que se tenta realizar. Tradicionalmente, os procedimentos incluem sugestões para relaxar, ainda que a relaxação não seja uma parte necessária para a hipnose, podendo-se usar uma ampla variedade de sugestões, incluindo as sugestões de alerta.

Tanto nos âmbitos clínicos como de investigação podem-se usar sugestões que permitam avaliar o alcance da hipnose, comparando as respostas com escalas estandardizadas. Se bem que a maioria dos sujeitos possa responder, pelo menos, a algumas sugestões, as pontuações das escalas devem abarcar uma amplitude que oscile desde o elevado ao insignificante. Tradicionalmente, as pontuações agrupam-se nas categorias de baixa, média e alta.

Tal como ocorre com outras medidas de constructos psicológicos, como a atenção, a probabilidade de alcançar a hipnose aumenta com a pontuação do indivíduo.”

DEFINIÇÃO DE HIPNOSE DA SOCIEDADE PSICOLÓGICA BRITÂNICA (2000-02)[1]

O termo “hipnose” designa a interacção que se dá entre uma pessoa, o “hipnotizador”, e outra pessoa ou pessoas, o “sujeito” ou “sujeitos”.

Nesta interacção, o hipnotizador tenta influir na percepção, sentimentos, pensamentos e condutas dos sujeitos, pedindo-lhes que se concentrem numa ideia ou imagem capazes de evocar os efeitos que se pretendem atingir.

As comunicações verbais que o hipnotizador utiliza para alcançar esses efeitos designam-se por sugestões.

A diferença entre as sugestões e qualquer outra classe de instruções, radica na ideia de que as sugestões implicam que as respostas experimentadas pelos sujeitos tenham um carácter involuntário ou se experimentem sem esforço.

Os sujeitos podem aprender a utilizar os procedimentos hipnóticos sem necessidade do hipnotizador, processo este denominado “auto-hipnose”.

Este apartado ha sido traducido por el Grupo para o Estudo da Hipnose Experimental e Clínica.


[1] Sociedad Británica de Psicología (2002). La naturaleza de la hipnosis. Valencia: Promolibro.

MITOS SOBRE A HIPNOSE

(Capafons, 19988[1])

As seguintes afirmações sobre a hipnose, habituais entre as pessoas leigas que não conhecem a investigação, carecem de sustento científico, pelo que são crenças exageradas ou simplesmente falsas. Se alguém defende que é certa qualquer uma destas crenças, desconfie do seu conhecimento científico sobre a hipnose e da sua capacidade para ajudá-la com a hipnose clínica:

  1. A hipnose não pertence ao campo da psicologia científica. Quem a pratica só podem ser charlatães, curandeiros ou homens do espectáculo. As pessoas que melhoram com a hipnose são crédulas, ignorantes e “dependentes”.
  2. A hipnose pode deixar a pessoa “presa” num transe.
  3. A hipnose pode explicitar ou agravar psicopatologias “latentes” da pessoa. Inclusive pode desenvolver alterações psicológicas nos indivíduos saudáveis. Os indivíduos com problemas psicopatológicos podem piorar com a hipnose.
  4. A hipnose provoca um “estado” similar ao sonho em que a pessoa mostra características especiais. Se não se alcançam tais características, a pessoa não está hipnotizada. Só se pode estar nessa situação especial, se se tiver recebido um método de indução hipnótica.
  5. A hipnose elimina e anula o controlo voluntário da pessoa. Esta deve ser um autómato nas mãos do hipnotizador, pelo que pode cometer delitos, actos anti-sociais, imorais ou que levam ao ridículo social.
  6. A hipnose provoca reacções pouco habituais, excepcionais e quase mágicas nas pessoas. O que se recorda sob hipnose é sempre verdade.
  7. A hipnose é uma terapia (hipnoterapia) sumamente útil, rápida e eficaz, que não exige nenhum esforço por parte do cliente para  mudar o comportamento. Só as pessoas muito susceptíveis podem beneficiar da hipnose.


Este apartado ha sido traducido por el Grupo para o Estudo da Hipnose Experimental e Clínica.


[1] Capafons, A. (1998). Hipnosis clínica: una visión cognitivo-comportamental. Papeles del Psicólogo, 69, 71-88.

Objectivos

  1. Fomentar o conhecimento da hipnose científica entre os profissionais de psicologia e entre outros técnicos de saúde.
  2. Zelar pelo uso adequado e cientificamente sustentado da hipnose nas distintas áreas da psicologia, denunciando na medida do seu conhecimento, a fraude e charlatanice que pode dar-se através da utilização da hipnose.
  3. Fomentar uma formação no campo da hipnose científica que garanta um correcto uso profissional da hipnose por parte dos psicólogos e outros técnicos de saúde habilitados para tal.
  4. Coordenar-se com outros grupos, sociedades e colégios profissionais que mostrem interesse na hipnose científica, para melhorar o uso, a difusão e a aplicação da hipnose científica em todas as suas vertentes.